Às vezes, tudo o que a gente precisa é de um café superfaturado
como diz a pensadora lorelai gilmore, “eu não estou evitando nada..... vou procurar um café”
aviso importante: esse não é um post incitando o capitalismo, a falência financeira ou o consumo irresponsável de lattes ridiculamente caros. mas se por acaso você sentir uma vontade incontrolável de gastar o preço de um almoço em um café com nome complicado, saiba que este texto pode — ou não — ter influenciado essa decisão. beba com moderação (ou não, porque quem somos nós pra julgar?)
semana passada, passei por uma daquelas cafeterias modernas. voce conhece o tipo: playlist de indie pop, decoração em tons neutros, e o menu em um quadro com nomes de bebidas que soam mais como feitiços do que como coisas para se beber. olhei para dentro e pensei: “não, hoje não” mas, por alguma razão que só o cansaço acumulado e a necessidade de conforto explicam, entrei.
estava disposta a pedir o mais barato, um expresso básico. mas aí me vi escolhendo um latte com leite de aveia, calda artesanal de caramelo salgado e uma pitada de baunilha do madagascar. a atendente repetiu o pedido em voz alta como se fosse uma conquista minha: “um latte especial, certo?” sim, exatamente. especial. porque, naquele momento, eu precisava de algo que me fizesse sentir que eu estava cuidando de mim, nem que fosse através de um café que custava o triplo do que deveria.
aquele mesmo, o que custa o preço de um almoço, que vem num copo de plástico bonitinho com um logo minimalista e talvez até uma mensagem inspiradora escrita à mão pela atendente da cafeteria. um café que, racionalmente, não faz o menor sentido pagar — mas que, emocionalmente, é a única coisa que parece ter algum propósito naquele momento.
tem algo quase terapêutico nesse gesto aparentemente fútil. gastar dinheiro em algo que não precisamos de verdade, mas que nos dá um respiro.
um café superfaturado não vai resolver a crise existencial que bate no meio da tarde, não vai organizar tarefas atrasadas nem curar o cansaço, mas ele vai te fazer desacelerar por cinco minutos. e, às vezes, é só disso que a gente precisa: de cinco minutos de trégua para fingir que está tudo bem, enquanto segura um copo bonitinho e observa a espuma do leite desenhando pequenos redemoinhos.
claro, há quem diga (eu) que tudo isso é fruto de uma máquina capitalista que transforma nossas vulnerabilidades em lucro. e, olha, eu não discordo. mas, ao mesmo tempo, será que é tão ruim assim encontrar um pouco de beleza em algo pequeno e, sim, um pouco absurdo?
porque a vida adulta é uma sucessão de preocupações, responsabilidades, contas, cobranças, prazos e, no meio disso, escolher algo impraticável — como um café caro demais — é quase um ato de resistência. um lembrete de que a gente ainda pode se permitir algo só pelo prazer de desfrutar.
então, se você está aí pensando que não deveria gastar o equivalente a uma pizza em uma bebida que vai acabar em dez minutos, talvez seja hora de reconsiderar. talvez seja hora de entrar naquela cafeteria que você tanto gosta, pedir a coisa mais extravagante do cardápio e brindar a si mesmo por ter chegado até aqui.
e se a consciência pesar depois, lembre-se: você não pagou por um café. você pagou por um momento. e momentos, especialmente os bons, são sempre um investimento válido.
o que tenho lido, ouvido e visto ultimamente
📖 lendo:
• Intermezzo, de Sally Rooney – sally entregando mais uma história intensa e cheia de reflexões sobre relacionamentos e a vida.
• Pequeno Manual Antirracista, de Djamila Ribeiro – um livro curto, mas muito impactante.
caso vocês se interessem, posso trazer uma resenha dos livros lidos no final do mês, ou até mesmo transformar essa lista completa em post mensal.
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🎧 ouvindo:
• Evermore, Taylor Swift – modo melancólica e poética ativado.
• Playlist anos 2000 – estou muito nostálgica ultimamente e com saudades desse tempo maravilhoso que infelizmente não volta mais.
• O Que Você Quer Saber de Verdade, Marisa Monte – meu álbum favorito da mm!!!
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💻 vendo:
• Beleza Fatal (Max) – novela melodramática cheia de reviravoltas e drama que está dando o que falar. meu escritor de livros favorito agora também escreve novelas, tá?! te amo raphael montes!!!
• Garota do Momento (Globoplay) – outra novela muito gostosa de assistir!!
• O Outro (Globoplay) – esse é um clássico de 1987 que vale a pena conhecer. estou maratonando bem aos poucos, e a trilha sonora é a minha favorita da teledramaturgia.
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São aqueles pequenos momentos que são os mais importantes, seja para autoconhecimento ou porque você só quer gastar mesmo. Eles são necessários, mudam um pouco a nossa rotina e trazem mais vontade de viver, pelo menos para mim.
Amei o post! ✨
tati tem uma frase que eu amo e q li no twitter há um tempo atrás e diz “eu acho que o amor é quando eu me compro um café mesmo que eu esteja sem grana porque sei que mais tarde eu vou me recuperar” e seu texto coloca isso de uma forma tão linda. acho que quando a gente se mima com essas coisas é também uma forma de sermos gentil com nós mesmas e lembrar que, não importa o quão ruim as coisas estejam, nós somos merecedoras desses mimos reconfortantes. amei muito seu texto e amei que você está lendo o pequeno manual antirracista, eu li ano passado e gostei demais!!!